Acidente - Em um mês três trabalhadores morreram eletrocutados em postes de energia.

Eletricista, profissão importante, de risco, exige qualificação, experiência e responsabilidade. Emprego que tem gerado grande impasse e questionamento entre trabalhadores, sindicato, terceirizadas e empresa de fornecimento de energia. 

Num mês, três acidentes causaram a morte de trabalhadores que prestavam serviço para a Enersul (Empresa Energética de Mato Grosso do Sul), outros ficaram com graves sequelas. 

No ponto de vista do Sindicato dos trabalhadores na Indústria e Comércio de Energia a culpa das tragédias é da precariedade nas condições de trabalho dos terceirizados. Já as empresas prestadoras de serviço se defendem alegando pura fatalidade e a Enersul garante que atende as normas trabalhistas. 

O presidente do sindicato, Élvio Marcos Vargas, acusa que os funcionários não recebem a devida qualificação e não usam os equipamentos de segurança necessários. 

Ele também reclama da falta de benefícios como planos de saúde e baixo salário por se tratar de uma profissão de risco. 

“O curso de Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade NR10, aplicado pelas empresas, atende apenas normas, este não é o suficiente para exercer a profissão. 

Essa precariedade acaba levando a morte. Além disso, os terceirizados ganham em média de R$ 500 a R$ 600, é muito pouco”, aponta. Segundo o sindicalista, também deve ser exigido o Coman (Construção, Operação e Manutenção de Redes e Linhas). 

Ele narra que no ano passado protocolou uma denúncia no Ministério Público Estadual em que citou a deficiência. Várias empresas teriam sido vistoriadas e apenas a Enersul é que oferece aos funcionários o devido treinamento. 

Em defesa, a assessoria da Enersul alega que o mesmo treinamento (NR10) feito pelos terceirizados é cumprido pelos funcionários da empresa, tendo em vista que esta é a exigência do Ministério do Trabalho para técnicos eletricistas.

De acordo com a Enersul, este curso não ensina apenas normas. Nele há vários módulos, cada de 40 horas, que pode chegar a 360 horas de treinamentos. 

A prestadora de serviço Coeso (Cooperativa de Eletrificacão Rural), que perdeu um funcionário nesta semana vítima de acidente de trabalho, defende que são oferecidos treinamentos e equipamentos. 

Conforme o advogado Fernando Friolli, defensor da empreiteira, na contratação é exigido que o trabalhador tenha curso de no mínimo eletricista. 

E quando o contrato é fechado é oferecido o treinamento de segurança NR10 ministrado por um engenheiro capacitado. 

Sobre a morte de Carlos Alberto dos Santos Duarte, de 25 anos, que teve o corpo carbonizado ao receber um choque de 119 volts de um poste de luz, ele comenta que aconteceu por imprudência do rapaz. Após fazer um reparo, Carlos teria descido do poste sem a luva de proteção e acabou encostando em um fio de eletricidade. O acidente aconteceu, no dia 23 deste mês, no município de Bela Vista. 

Conforme a assessoria de imprensa da Enersul, são exigidas das terceirizadas pessoas qualificadas para exercer a profissão e os equipamentos oferecidos passam por inspeções. 

A empresa também defende que os técnicos sempre trabalham em dupla para um fiscalizar ao outro. 

Outros casos 

O trabalhador Clóvis Gonçalves, de 38 anos, teve parte do braço direito amputado e queimaduras de terceiro grau na perna esquerda. Ele recebeu um choque de 13.800 volts, no dia 26 de junho do ano passado, quando trabalhava na região de uma fazenda em Aquidauana. 

Clóvis opera na área há 17 anos. O trabalhador conta que foi ao local fazer um reparo na rede desligada por um trator. Segundo ele, a Enersul interrompeu a energia do lugar, todo o procedimento foi feito, mas após cerca de 20 minutos que fazia o trabalho acabou recebendo a descarga elétrica. A rede teria sido ligada por fazendeiro dono de um motor estacionário que restabelece a energia. 

Esta vítima também prestava serviço para a Coeso e move um processo na justiça para requerer indenização. 

A primeira morte aconteceu no dia 22 de dezembro, em Nova Alvorada do Sul. Mauro Sérgio Onofre, de 49 anos, trabalhava para a Energia Eletricidade de Dourados e morreu depois de ser atingido por uma descarga elétrica durante uma manutenção. 

No Boletim de Ocorrência não há informações de como aconteceu o acidente, mas seu companheiro relatou que estavam devidamente equipados. 

No dia seguinte, 23, Romualdo Barros Benites, de 33 anos, também morreu pelo mesmo motivo. Ele era contratado da empresa ERB e realizava manutenção na rede de alta tensão de uma fazenda, no município de Camapuã. Segundo relatos do parceiro de serviço, a vítima estava no chão e ele na escada. 

Quando colocaram a ponta do fusível na rede a ponta do bastão escapou e atingiu o poste. Romualdo recebeu a descarga e foi arremessado a dois metros. 

Já o outro trabalhador nada sofreu por estar na escada. Ainda de acordo com a testemunha, ambos usavam equipamentos de segurança.

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