Escolha a cadeira certa
Em tempos de quarentena, o móvel vem
se mostrando fundamental para garantir o conforto no home office.
Apesar de muitas vezes necessário,
passar horas sentado não é uma situação natural. Para digitar
rapidamente um texto no celular, pagar uma conta pela internet ou mesmo fazer
uso apenas eventual da escrivaninha, muitas das nossas cadeiras e poltronas dão
conta do recado. Porém, a partir do momento em que passamos a trabalhar em casa, ficando grande parte do dia em frente
ao computador, é chegada a hora de considerar a possibilidade de investir em
uma cadeira funcional.
Projetadas para condições especiais
de utilização, as chamadas cadeiras executivas, em geral, custam mais caro que
as convencionais. Seus projetos, não raramente, envolvem estudos avançados,
componentes e mecanismos de ajuste complexos, além de matérias-primas
especiais, como metais mais resistentes e espumas de alta densidade. Mas, ao
que tudo indica, trata-se de um investimento que compensa. Tanto em termos de
ganho de produtividade no trabalho, quanto de bem-estar geral.
“Antes mesmo da quarentena, meus
clientes sempre foram muito exigentes em relação à performance de suas cadeiras
no home office. Hoje, a oferta destes produtos se ampliou muito. Eles estão não
apenas mais eficientes, mas visualmente mais atraentes. Seja qual for a
proposta, se integram muito bem à decoração, imprimindo um dado de tecnologia
aos ambientes”, afirma a arquiteta Patrícia Martinez, que acaba de especificar,
para um de seus projetos, a tecnológica cadeira Sayl, do designer suíço Yves Béhar.
“Tal qual uma rede, o encosto da
cadeira é elástico e composto por fios que variam em espessura e tensão,
fornecendo maior suporte nas áreas de transição ao longo da coluna vertebral.
Como a superfície é vazada, o conforto físico e térmico de quem usa o móvel é
ainda maior”, afirma Carla Barbosa, diretora de marketing da norte-americana
Herman Miller, que produz a Sayl, entre outras cadeiras de alta performance, no
Brasil.
“Somente agora, nesses tempos de home
office muito intenso devido à pandemia, as pessoas que não estavam habituadas a
trabalhar em casa começam a se atentar à necessidade de cadeiras específicas
para o trabalho doméstico. Os modelos convencionais são pensados para uso
eventual, não prolongado”, observa o consultor técnico de produtos do FK Grupo,
que fabrica cadeiras operacionais para espaços domésticos e corporativos, Paulo
Bonatelli.
Segundo ele, apesar da sensação de
conforto ser muito pessoal e difícil de conceituar, o desconforto é algo
latente. Bastando, para isso, utilizar uma cadeira não adequada para o trabalho
por um longo intervalo de tempo. “É o que acontece, por exemplo, quando
resolvemos utilizar no home office um modelo que usamos na sala de jantar ou na
cozinha, como muitos estão percebendo agora.”
Quanto mais ajustes, melhor. Ainda assim, tratando-se de trabalho contínuo, é importante considerar
que não existe uma cadeira ideal. O que existe são modelos mais ou menos
ajustáveis, projetados levando-se em conta os parâmetros estabelecidos pela
ergonomia – ciência que se dedica a estudar as possibilidades de otimização das
posturas adotadas durante o trabalho, por meio de novos procedimentos,
materiais, tecnologias e recursos de desenho.
Dessa forma, quanto maiores as
possibilidades de ajuste, maiores as chances de adequá-lo ao biótipo de cada um
e, consequentemente, maior a sensação de conforto. “A oferta de ajustes em uma
cadeira de trabalho existe para que todos os aspectos ergonômicos sejam
contemplados, mesmo aqueles não tão evidentes”, explica Bonatelli. “Tudo é
pensado para que a pessoa tenha o melhor desempenho possível durante o
trabalho, sentindo-se menos desconfortável e produzindo melhor”, afirma.
Atentar para os materiais de
construção e acabamento é igualmente importante. Para um melhor desempenho, a
espuma empregada deve ser de alta densidade (acima de 45 kg/m3) e, sempre que
possível, as áreas estofadas devem ser revestidas com tecidos tramados, em vez
de laminados impermeáveis – uma vez que esses materiais permitem maior troca
térmica com o ambiente.
Como a certificação de cadeiras de
trabalho ainda é voluntária no Brasil – e é grande a oferta de produtos sem
identificação de procedência –, é importante verificar se o produto possui
algum tipo de certificação em um órgão independente, porém creditado pelo
Inmetro. Isso indica que ele segue as dimensões recomendadas no seu projeto,
além de obedecer a aspectos de segurança, em conformidade com normas técnicas.
Apesar de fundamental, a escolha de
um modelo não deve ser feita apenas com base em critérios técnicos. A percepção
individual também pesa. Experimentar o modelo antes da compra, simulando seu
uso, é altamente recomendável. Já que isso nem sempre é possível, como no caso
das compras online (comuns durante o período de quarentena), procure ao menos
se assegurar das características do móvel, sobretudo aquelas relacionadas a seu
funcionamento. Para facilitar a tarefa, confira no quadro acima os principais
itens que devem ser observados.
Por fim, escolhida sua cadeira,
lembre-se de que a melhor postura é sempre aquela em que você se sentir o mais
confortável possível, pois ninguém aguenta permanecer o dia todo sentado. Por
isso, para otimizar ainda mais seu desempenho, procure fazer pequenas pausas a
cada hora trabalhada, caminhe por alguns minutos, respire profundamente e
aproveite esses intervalos para alongar os músculos tensionados, principalmente
o pescoço e os ombros.
ANTES DE COMPRAR:
Assento. Para maior estabilidade e conforto, deve ter profundidade suficiente
para que, uma vez sentado, com os pés apoiados plenamente no chão, a parte de
trás das coxas fique inteiramente apoiada sobre ele. Os joelhos devem estar
dobrados e relaxados em 90°. Deve possibilitar um giro de 360°.
Encosto. Precisa ter o mecanismo de ajuste de altura (ou, ao menos, da porção
de apoio da lombar) e de sua inclinação. Quanto maior o espaldar, melhor o
apoio geral das costas.
Braços. Devem também ser reguláveis em altura. A posição correta é quando os
cotovelos ficam apoiados e as mãos no nível do teclado, em aproximadamente 180°
do apoio. Idealmente, devem ser fabricados em materiais macios e agradáveis ao
toque, como poliuretano, borracha ou espuma expandida.
Regulagem de altura. Essencial para possibilitar o ajuste da distância do assento ao piso.
Pode ser realizada por meio de gás pressurizado ou outro sistema que permita o
amortecimento, diminuindo o impacto ao sentar e levantar e também durante as
mudanças de postura enquanto se está sentado.
Rodízios. O ideal é que possuam rodas duplas e de duplo giro. Procure saber
quanto peso suportam e para quais pisos são recomendados. Existem modelos
feitos para não riscar pisos de madeira, por exemplo.
Apoio para a cabeça. Apesar de não estar disponível em todos os modelos, é altamente
recomendável, sobretudo quando regulável em termos de altura e ângulo de
inclinação.
Estadão.
Comentários
Postar um comentário
As informações disponibilizadas nesse Blog são de caráter genérico e sua utilização é de responsabilidade exclusiva de cada leitor.