Estruturação de carreiras em Y é desafio para RHs.
Reter ou engajar? Este é o novo dilema dos profissionais de Recursos Humanos. Durante muito tempo, a técnica de retenção de talentos se resumia a ascensão, salário e benefícios. Contudo, com a chegada das gerações Y e Z ao mercado de trabalho, o perfil profissional tomou outra forma e passou a exigir mais das empresas. Inclusive outros caminhos para crescer, como as carreiras em Y.
De acordo com especialistas, está cada vez mais comum encontrar profissionais que não desejam assumir cargos de liderança e gerenciamento de grandes equipes. "Este perfil existe desde os anos 80, entretanto, as gerações anteriores não se opunham às decisões da empresa e acabavam aceitando a nova função", explica a diretora da Career Center, Mara Turolla. Contudo, isso não quer dizer que o funcionário não espere crescimento profissional dentro da empresa.
"As novas gerações valorizam o conhecimento e a capacitação", analisa a diretora da consultoria Intelectus, Lidiane Bertê. Por isso, investir em sua especialização e desenvolvimento técnico é a melhor medida para prolongar sua permanência na empresa.
Segundo ela, a mudança de cargo representava um crescimento profissional, pois as gerações anteriores tinham uma resposta maior a cargos de autoridade. "Hoje, esse crescimento se dá com a especialização em um determinado tema ou função", diz.
Além disso, as carreiras em Y exigem outros fatores para permanecer na empresa, como o engajamento, ambiente de trabalho e o desafio profissional. "Hoje em dia não é apenas o salário que mantém um colaborador dentro da companhia. Ele tem que querer fazer aquilo", analisa Mara Turolla. Para ela, a palavra retenção, inclusive, se tornou para o jovem profissional algo negativo. "Ele deve ser motivado e não quer se sentir aprisionado."
Por isso, algumas empresas já estão reestruturando suas estratégias de promoção e incluindo atividades de engajamento. "O modelo de crescimento horizontal também deve ser levado em consideração", diz Lidiane Bertê.
Benefícios:
De acordo com as especialistas, a procura por este modelo de crescimento é muito comum em áreas mais técnicas. "O que é bom", afirma diretora da Intelectus. Segundo ela, isso pode representar um ganho na produtividade da companhia. Seja diminuindo o desperdício e o retrabalho, ou aperfeiçoando processos de produção.
Além disso, a consultora explica que o conhecimento deve ser constantemente renovado e por isso, alguém interessado pode beneficiar a empresa. "Em alguns casos investir em um especialista pode até trazer redução de custos", enfatiza. Segundo Lidiane, antigamente as companhias trabalhavam com grandes equipes, agora, é possível aperfeiçoar o trabalho com equipes menores e mais especializadas no produto.
"Além de reduzir o custo é uma forma de aumentar o salário dos funcionários", diz. Para ela, quanto melhor este profissional mais a empresa tem que retê-lo.
Cargos técnicos:
Em contrapartida, também existem empresas que fazem a opção de ter uma estrutura de carreira em Y para alguns cargos. Um exemplo é a Itaimbé Máquinas. Segundo a analista de comunicação da empresa, Bianca Doeler, equipes como a de pós-venda exigem muito investimento em capacitação para os mecânicos da fábrica. Porém, manter estes profissionais motivados na empresa é um desafio. "Por isso, estamos trabalhando com o conceito de carreira em Y, pois precisamos de técnicos cada vez mais capacitados e comprometidos", explica Bianca.
Para ela, este plano de carreira permite o crescimento profissional dos funcionários e respeita o perfil técnico de cada um. "É aquela velha história, não se pode promover um colaborador de perfil técnico para a gestão. Porque desse jeito, se perde um excelente técnico e ganha um gestor fraco".
A diretora da consultoria Intelectus, Lidiane Bertê, concorda e afirma que essa é uma vantagem da nova geração. Já que eles possuem autoconhecimento e verbalizam isso. O que torna mais fácil descobrir se é ou não apto para determinadas funções.
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