Quem comete fraude se emprega mais rápido.



Como é a vida após uma fraude? Um levantamento da S2 Consultoria, especializada em gestão de riscos, sugere que ela é mais fácil do que se imagina. A pesquisa entrevistou 95 profissionais que confessaram ter cometido fraudes em empresas e foram demitidos por causa da irregularidade, e a maioria conseguiu um novo emprego em muito menos tempo do que a média nacional.

Esses profissionais voltaram a trabalhar, em média, após quatro meses desocupados. Uma pesquisa do SPC Brasil e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, divulgada em fevereiro, apontou que o tempo de desemprego entre brasileiros é de em média 14 meses. Entre os entrevistados pela S2, dois terços conseguiram um novo emprego, enquanto os demais abriram um negócio próprio. Pelo menos um terço do total conseguiu uma vaga melhor do que a anterior, e 75% continuam na mesma área de atuação.

Para Renato Santos, sócio da S2, a recolocação mais rápida que a média nacional e o nível considerável de profissionais que ainda conseguiram uma promoção aponta para uma falha nos processos seletivos das companhias, mas também indica que os profissionais que cometem fraudes se encaixam com facilidade no que é buscado pelas empresas. “O perfil do fraudador é muito sedutor, ele é articulado, bem-relacionado e consegue transitar muito facilmente”, diz.

A pesquisa incluiu profissionais de diversos níveis, a maioria com ensino superior. As companhias participantes são principalmente de grande porte e cerca de um terço, do setor de construção civil. O tamanho das fraudes variou – segundo Santos, a amostra inclui desde quem embolsou R$ 1 milhão até aqueles que queriam apenas agradar ao chefe – mas a mediana dos “ganhos” dos fraudadores correspondeu a um quarto do seu salário anual.

Apesar de terem confessado a fraude, 44% dos entrevistados entraram com uma ação trabalhista contra o empregador após a demissão, número que Santos imagina que vá diminuir após a reforma trabalhista. A S2 já investigou mais de quatro mil casos de fraudes ocupacionais, segundo Santos. Na sua experiência, são raros aqueles em que o profissional precisa devolver o dinheiro ou é demitido por justa causa.

“O problema gravíssimo é que quando a empresa toma essa decisão para não ter dor de cabeça ela passa a mensagem para os demais funcionários de que a fraude é aceita e tolerada”, afirma. Em 2015, Santos defendeu sua tese de doutorado sobre as principais causas que induzem profissionais a cometerem fraudes em empresas. Uma delas é a percepção de quais serão as consequências. “Os resultados estão contando que no Brasil vale a pena cometer fraude”, diz.

Valor Econômico.

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