Para crescer na carreira, sacrifício e equilíbrio.


A busca pelo sucesso profissional começa cedo e logo se apresenta como uma corrida difícil, iniciada às vezes pelo vestibular concorrido para uma boa faculdade. Aulas e mais aulas sobre todas as disciplinas do processo seletivo, longas sessões de estudo, noites maldormidas, fins de semana tomados por livros e apostilas. O estudante rapidamente se dá conta de que o caminho para a carreira bem-sucedida é cheio de sacrifícios e assim que chega ao mercado de trabalho percebe que a entrada e a passagem pela universidade foram só o começo.
 
A realidade de quem busca o sucesso profissional é, de fato, muito dura, mas não deve ser motivo de desespero. Se é ingenuidade achar que a conquista de um lugar de destaque no mercado de trabalho vem de mão beijada e sem esforços, também é exagero considerar que não exista um ponto de equilíbrio que permita conciliar os inevitáveis sacrifícios com uma vida social e pessoal saudável.
 
Para o diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Luiz Edmundo Rosa, esse equilíbrio não só existe como é necessário para a realização profissional e pessoal. Ele concorda que um bom profissional, para se destacar dos demais, deve se dedicar mais aos estudos e ao trabalho, mas entende que esse esforço precisa ser bem focado.
 
“Muitas pessoas querem fazer tudo ao mesmo tempo e não percebem que isso é improdutivo. É preciso definir prioridades e administrar bem o tempo, algo que em geral não sabemos fazer no Brasil”, afirma. Ele dá como exemplo a pessoa que passa duas horas navegando nas redes sociais e se vê sem tempo para estudar para um vestibular, concluir um trabalho da pós-graduação ou terminar o relatório que a diretoria pediu.
 
“Essa pessoa terá de fazer uma escolha, talvez abrir mão dessas duas horas nas redes sociais. O importante é estabelecer o que é prioridade e não perder muito tempo com coisas que têm pouco significado”, recomenda Rosa. É essa organizações de questões prioritárias que pode ajudar a evitar situação de acúmulo exagerado de estudo ou trabalho que podem levar ao estresse e, em geral, têm poucos resultados positivos.
 
O presidente da Sociedade Brasileira de Coaching, Villela da Matta, afirma que todo resultado profissional exige esforço continuado em dobro, mas é importante que este não seja o único objetivo. “As pessoas são muito binárias, pensam: ‘Se tenho isso, não posso ter aquilo’. É um erro. As pessoas bem-sucedidas têm boa carreira profissional e boa vida pessoal”, diz ele.
 
Mesmo esforço redobrado temporário, para atingir um objetivo pontual, pode ter uma compensação na vida pessoal. “Você pode ter um sacrifício de curto prazo, como fazer um curso que durante um período vai levar a um afastamento da família. Mas isso pode trazer um ganho de longo prazo e pode ser compensado com outros momentos prazerosos com familiares, com amigos”, explica. “É preciso conciliar essas duas áreas”, acrescenta Matta.
 
Habilidades. O dentista Marcelo Kyrillos, de 48 anos, foi buscar a capacidade de conciliação no coaching, técnica que consiste em aperfeiçoar habilidades profissionais e pessoais. Dono há 25 anos de uma clínica de estética dentária com um sócio, ele emendou a rotina puxada do curso de odontologia com a da empresa e se viu praticamente sem vida pessoal.
 
“Como não conhecíamos gestão empresarial, o trabalho na clínica tomava todo nosso tempo. Com o coaching, aprendemos a definir foco, monitorar resultados, conciliar vida profissional e pessoal.” Segundo ele, a atividade ainda ajudou o desempenho no trabalho. “Conseguimos cuidar de coisas que não cuidávamos antes e ainda melhorar o desempenho”, afirma.
 
Para Luiz Edmundo Rosa, aperfeiçoar as habilidades e competências é fundamental para encarar os sacrifícios que o sucesso profissional impõe, mas sem se perder num labirinto de atividades. “Um curso de leitura dinâmica, por exemplo, pode tornar o estudo mais produtivo, com maior capacidade de retenção. É melhor do que perder horas de sono estudando e comprometer a capacidade de concentração”, afirma.
 
O mesmo vale para a atividade física, um dos primeiros itens que é cortado pela maioria das que se veem muito atarefadas. “A vida sedentária deixa você mais lento, é um erro achar que cortar o exercício físico vai liberar mais tempo livre para o trabalho ou estudo. Isso vai comprometer seu desempenho. Há coisas das quais não podemos abrir mão e isso inclui a saúde”, afirma Rosa.
 
Mais importante do que cortar a atividade física ou o tempo com os filhos é administrar melhor o tempo dedicado ao trabalho ou ao estudo. “É comum nas empresas aquelas reuniões demoradas, que se estendem por muito tempo por falta de organização ou porque as pessoas são muito prolixas. Reuniões de trabalho não precisam ser longas para ser eficientes”, diz ele.
 
Ainda que entenda a necessidade de sacrifícios para o sucesso profissional, o diretor da ABRH não vê mérito no funcionário tipo workaholic, que vive atulhado de tarefas e transforma em rotina as horas no trabalho além do horário de expediente. “Ser muito ocupado o tempo todo não quer dizer que você seja produtivo. Às vezes são pessoas que não conseguem delegar e dificultam o desempenho”, afirma.
 
O Estado de São Paulo.

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