Ruído somado à exposição a produtos químicos pode causar danos devastadores à audição.
Qualquer gestor de segurança qualificará os EPIs com base nos riscos os quais foram projetados para atuar. Abafadores e plugues são totalmente vinculados a ambientes ruidosos, mas um respirador, qual é a sua relação com o ambiente ruidoso?
Da mesma forma, empregados que trabalham com produtos químicos podem fazer uso diário de um respirador, mas com ruído abaixo do nível de ação, podem ficar propensos a pensar em proteção auditiva como equipamento de segurança opcional.
Uma dupla prejudicial:
Muitos produtos químicos industriais comuns são ototóxicos, ou seja, venenosos para os ouvidos, e tão prejudiciais para a audição dos trabalhadores quanto o ruído industrial. Porém, exposição ao ruído e a produtos químicos, ao mesmo tempo, pode ser terminantemente devastador para a audição, isso porque os efeitos são muitas vezes sinérgicos ao invés de meramente aditivo. Em outras palavras, o dano total é maior do que o dano causado pela soma das partes.
Por exemplo, pesquisadores estudando efeitos do ruído sobre trabalhadores industriais encontraram uma incidência maior de perda auditiva em trabalhadores expostos a níveis mais baixos de ruído do que em trabalhadores em uma área onde os níveis de ruído eram mais altos. No entanto, os trabalhadores expostos a níveis de ruído inferiores também estavam expostos a solventes industriais simultaneamente com o ruído, e isso fez toda a diferença nos resultados! A exposição a ruídos e a substâncias químicas ao mesmo tempo acelerou a taxa de perda auditiva.
A exposição a algumas substâncias químicas, por si só, pode causar perda auditiva. Os maiores culpados aparentemente são solventes orgânicos, como benzeno, tolueno, xileno e estireno.
Eles não só contribuem para o estresse tóxico no ouvido interno, onde a perda auditiva frequentemente se inicia, mas eles também podem degradar o funcionamento dos circuitos neurais das vias auditivas no cérebro. Este dano neural pode causar um tipo de perda de audição que nem mesmo os aparelhos auditivos podem auxiliar. E o dano neural não se limita à audição. Outros sentidos (visão ou olfato, por exemplo), função cognitiva e coordenação motora podem ser comprometidos em maior ou menor grau, de forma temporária ou permanente.
Também há evidência de morte de células ciliadas no ouvido interno por produtos químicos a base de fosfato utilizada em lavouras, jardinagem e agricultura industrializada. Alguns compostos de carbono não derivados do benzeno, tais como o dissulfeto de carbono e o monóxido de carbono, também têm um impacto profundo sobre a audição, bem como certos metais conhecidos por afetar o sistema nervoso. Entre esses estão os vapores e poeiras de chumbo, mercúrio, manganês e arsênio.
Efeitos de longo alcance:
Nenhum dos produtos químicos, minerais ou solventes mencionados até este ponto neste artigo são necessariamente raros ou exóticos, e esta lista não está completa. Compostos ototóxicos excessivos são comuns a uma multiplicidade de processos em uma ampla variedade de indústrias.
Enquanto a perda auditiva resultante da exposição a ruídos é geralmente limitada a uma estreita faixa de frequências - geralmente as mais altas - o dano por químicos tóxicos pode afetar a audição em qualquer faixa de frequência. O ouvido interno também tem a responsabilidade primária em ajudar a manter nosso equilíbrio.
Compostos ototóxicos podem afetar toda a estrutura do nosso ouvido interno - não somente a audição, mas os órgãos de equilíbrio também - expondo uma pessoa não apenas ao risco de perda auditiva e tinido (zumbido no ouvido), mas também a tonturas e vertigem (sensação de estar girando).
Proteção combinada:
O ponto de tudo isso é que usar um respirador para minimizar a inalação de produtos químicos é tão importante quanto usar um protetor auditivo no que diz respeito ao trabalho com substâncias químicas. Assim, o uso do respirador em conjunto com o protetor auditivo deve ter sua linha de frente na defesa contra a perda de audição quando há produtos químicos no ambiente industrial.
Na verdade, mesmo que o nível de ruído sozinho não seja alto o bastante para provocar a perda de audição, (ex. menor que 80 dB), a sinergia com produtos químicos faz a perda auditiva mais provável com exposição a níveis de ruído inferiores. Por isso, é uma boa prática recomendar o uso de proteção auditiva mesmo quando o nível de ruído estiver abaixo do nível de ação em qualquer ambiente onde produtos químicos estejam sendo usados, especialmente quando o uso de um respirador é requerido.
Trabalhadores expostos a níveis de ruído, ainda que mínimos, em conjunto com ototoxinas devem, certamente, ser considerados para inclusão no programa de conservação auditiva de sua empresa.
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