Analise futurista basilar da profissão de técnico em segurança do trabalho no Brasil.
A profissão de técnico em segurança do trabalho de forma mais ampla de especialistas em saúde e segurança ocupacional, apresenta um horizonte bastante promissor, porém com mudanças importantes que demandam adaptação. Aqui faço uma análise dos principais cenários, oportunidades, desafios e competências que tendem a marcar o futuro de nossa profissão.
Panorama de crescimento: apenas para que possamos ter uma ideia.
Nos Estados Unidos, segundo o Bureau of Labor Statistics, o emprego de especialistas e técnicos em saúde e segurança ocupacional está projetado para crescer cerca de 12% entre 2024 e 2034, bem mais rápido que a média de todas as ocupações.
Em regiões específicas do Canadá, por exemplo, o mercado para especialistas em OSH é considerado "muito bom" em termos de demanda até 2034.
O que podemos esperar se no mundo, o crescimento esperado para profissão de técnicos em segurança e saúde no trabalho também está na faixa de 12 % ou mais na próxima década, percebemos que o senário é promissor para o mercado brasileiro.
Principais fatores que impulsionam a profissão:
Regulamentação da profissão;
Nova tecnologia e automação;
Mudanças no tipo de risco;
Cultura de segurança e bem-estar.
Desafios e mudanças a observar:
Automação e substituição de tarefas: Apesar do crescimento, algumas tarefas tradicionais de inspeção ou fiscalização podem ser afetadas por automação, sensores ou monitoramento remoto. Sendo assim, o papel técnico-operacional puro tende a evoluir;
Necessidade de competências novas: Quem continuar apenas operando da mesma forma de 10-20 anos atrás pode ficar em desvantagem. Habilidades em análise de dados, digitalização, (liderança, comunicação) passam a ter maior peso;
Maior complexidade e abrangência: Riscos emergentes (como os psicossociais, saúde mental, ergonomia em home-office, sustentabilidade) implicam que o técnico em segurança do trabalho será chamado para atuar de forma mais estratégica, e menos apenas “check-list”;
Pressão por resultados e valor agregado: A evolução da profissão indica que será esperado que se contribuísse mais para o desempenho da empresa (produtividade, cultura, retenção de pessoas) e menos apenas para cumprimento de normas;
O que isso significa para os profissionais, competências e estratégias,
para quem atua ou pretende atuar como técnico em segurança do trabalho, algumas estratégias são importantes:
Atualização contínua: Cursos em novas tecnologias (análise de dados), ergonomia, psicossociais, saúde mental no trabalho, trabalho remoto;
Desenvolver novos sistemas de monitoramento: saber coletar e interpretar dados, gerar relatórios estratégicos, usar realidade virtual/realidade aumentada para treinamentos;
Fortalecer Comunicação: clara com equipes e liderança, capacidade de influenciar a cultura de segurança, gerir mudança, treinar pessoas, trabalhar em equipes multidisciplinares;
Possuir visão estratégica: Entender que segurança do trabalho não é apenas evitar acidentes, mas gerar valor, menor absenteísmo, maior satisfação, reputação da empresa, conformidade integrada;
Especialização: Pode haver vantagem em se especializar em nichos como: ergonomia, riscos psicossociais, monitoramento digital, sustentabilidade, inspeção de ambientes com exposição de agentes química, etc.;
Flexibilidade e capacidade de adaptação: O ambiente de trabalho muda (home-office, automação, novos modelos de produção). O técnico precisara estar preparado para lidar com isso.
Qual são os cenários futuros para a profissão:
Em 5-10 anos, o técnico em segurança do trabalho poderá transitar de função predominantemente operacional (inspeção, fiscalização, registro) para papel híbrido: analista/consultor interno que monitora dados, antecipa riscos, participa de decisões de projeto (ex: “safety by design”), interage com TI, entorno digital;
Em indústrias com alta tecnologia (fábricas inteligentes, indústria do tipo 4.0/5.0), o técnico será parte de equipes de segurança integradas com automação, sensores, robôs, e terá que garantir interação segura entre humanos e máquinas;
Em empresas para as quais saúde e bem-estar dos colaboradores é parte do negócio, a função poderá ganhar protagonismo como “gestor de bem-estar organizacional”, segurança física, mental e ambiental;
Em mercados emergentes ou com menor maturidade em segurança, crescimento acentuado de demanda, mas também necessidade de elevar o nível profissional e educacional;
Em contraponto, regiões ou empresas com cultura mais fraca em segurança ou com terceirização intensa podem ver pressões de custos que impactem cargos ou elevem a competição.
Considerações específicas para o Brasil:
No Brasil, considerando os desafios de fiscalização, grandes projetos de infraestrutura, diversidade de indústrias (mineração, construção civil, petróleo & gás, agronegócio), a demanda por técnicos em segurança tende a se manter sólida.
Para se destacar será importante:
Dominar normas nacionais e internacionais (NRs, ISO 45001, etc.), conhecer legislação local, se atualizar tecnologicamente e preferencialmente falar inglês (ou outro idioma) para atender empresas com atuação global;
Enfraquecimentos regulatórios podem representar riscos em determinados setores, assim, escolher empresas com boa cultura de segurança ou buscar setores com forte regulação pode ser uma estratégia;
A certificação, especialização e networking podem fazer a diferença para acesso a posições de maior responsabilidade ou em consultorias.
Setores mais promissores no Brasil, que destacam como boas oportunidades para o técnico em segurança do trabalho:
Construção civil: obras grandes (infraestrutura, rodovias, ferrovias, etc.) demandam técnicos para segurança de trabalhadores, máquinas, altura, estruturas;
Indústria pesada/metalomecânica/mineração: ambientes de risco maior que exigem monitoramento de segurança, agentes químicos, máquinas, etc.
Empresas de serviços: terceirização ligada a segurança, saúde ocupacional, e empresas que têm que cumprir normas de segurança para manter conformidade legal.
Setores com maior exigência normativa ou risco: (química, petroquímica, energia) tendem a valorizar mais o profissional de segurança.
Minhas conclusões:
A união dos Técnicos em Segurança do Trabalho é essencial; no futuro, a profissão sofrerá muitas mudanças na forma de atuação, agora, nenhuma mudança e conquista será possível sem a efetiva união dos profissionais, as transformações futuras só terão força real se a classe (repetindo) estiver unida e atuante em defesa de seus interesses.
Profissionais candidatos a emprego que se atualizarem e se adaptarem as empresas, estarão bem mais posicionados no mercado de trabalho;
A função seguirá sendo necessária no mercado, no entanto, por motivos regulatórios quanto por valor agregado, quem permanecer apenas com as práticas tradicionais pode ficar para trás;
O diferencial estará na capacidade de integrar segurança, tecnologia, bem-estar e estratégia organizacional.
Para finalizar, é razoável prever que a demanda continuará a crescer e fortalecer no Brasil, principalmente se houver investimentos em infraestrutura, construção civil, na indústria renovadora e maior ênfase em segurança, saúde e bem-estar.
Marcio Santiago Vaitsman
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