Pequenas empresas devem ficar atentas ao novo eSocial.
As
empresas terão um ano para se adaptar às novas formas de declarações de dados
trabalhistas, o eSocial. Apesar de não estarem obrigadas no primeiro momento,
especialistas sugerem que as pequenas empresas também fiquem atentas às
mudanças.
O
eSocial faz parte do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) e irá
unificar o envio de informações pelo empregador em relação aos seus empregados,
hoje repassados separadamente para a Caixa Econômica Federal, Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), Ministério da Previdência Ministério do
Trabalho e Emprego, e Secretaria da Receita Federal.
Na
semana passada, o fisco divulgou o aguardado manual de orientação, que orienta
o empregador para a forma de cumprimento de suas obrigações, que está sendo
instituída por meio do novo sistema, além de estabelecer regras de
preenchimento, de validação, leiautes, tabelas e instruções gerais para o envio
de eventos que compõem o eSocial.
Contudo,
não foram, ainda, anunciados o cronograma para a obrigação e a qualificação
cadastral, o que devem ser divulgados em breve, segundo a Receita Federal.
"Essa qualificação é importante para que a Receita verifique se as
informações sobre o empregado estão corretas. Há casos como de uma mulher que
casou e mudou seu nome para o do marido e atualizou somente na Receita, mas não
nos outros órgãos trabalhistas. Neste exemplo, se a empresa enviar os dados
para o fisco, estes não serão validados, o que pode trazer problemas para os
empregadores [cumprir os prazos para os envios]", explica Tania Gurgel,
sócia e diretora da TAF Consultoria Empresarial.
A
analista de negócios da Wolters Kluwer Prosoft, Alizete Alves, concorda com
Tânia. "Se as informações não tiverem unificadas vai ter inconsistência.
Por isso a empresa já deve ver essas informações e se tiver dados diferentes, o
empregado precisa ir aos respectivos órgãos para fazer as alterações",
aconselha.
Cronograma:
Apesar
de não ter uma previsão oficial sobre quais são as empresas que estarão
obrigadas, os especialistas entrevistados pelo DCI acreditam que daqui um ano é
possível que a fiscalização se inicie nas empresas optantes pelo regime de
tributação Lucro Real, passando depois para as de Lucro Presumido e depois do
Simples Nacional, Microempreendedor Individual (MEI) e empregadores domésticos.
No
caso do Simples, a Receita informou que irá disponibilizar sites de forma a
orientar os empresários e especialistas como se adaptar e enviar os dados -
para empregadores domésticos o site já existe. Contudo, mesmo com essa
facilidade, o especialista e consultor de Sped, Roberto Dias Duarte, entende
que não será o bastante. "Um empresário de uma pequena lanchonete não irá
parar suas operações para enviar os dados ao fisco, ele vai pedir para o
contador fazer isso", exemplifica.
De
qualquer forma, Ângela Rachid, gerente de produto e folha de pagamento da ADP,
acredita que, como há quatro anos se fala no eSocial, as grandes empresas já
estão em processo de adaptação, mas com relação às médias e pequenas, a
adequação será complicada. "Mas entidades como o Sebrae estão bastante
ativos nessa questão. Até mesmo a Receita está receptiva em entender as
limitações e orientar mais do que punir, no primeiro momento", diz.
Por
meio de comunicado, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do
Estado de São Paulo (FecomercioSP), uma dessas entidades que defendem o pequeno
negócio, informou que encaminhou 15 sugestões em prol da discussão da
simplificação e da prorrogação dos prazos de implantação do sistema, com foco
na realidade e na complexidade, principalmente, para as micro e pequenas
empresas. E, agora, aguarda novidades.
"A
ampliação do prazo da fase de testes do sistema é um dos pontos principais
defendidos pela federação, pois, em sua avaliação, por falta de pessoal e
estrutura tecnológica adequada, os pequenos negócios teriam dificuldade para se
adaptar e para atender às novas exigências", afirmou, na nota.
Novidades:
De
acordo com os especialistas, uma das principais novidades na divulgação no novo
manual do eSocial (de número 2.0) é que os prazos para os envios dos dados
trabalhista quando o sistema já estiver ativo estão mais
"explícitos". Além disso, foram retirados alguns eventos, tal como de
prestação de serviços. "De acordo com a Receita, esses eventos como cessão
de mão-de-obra virarão uma nova obrigação dentro do Sped, cujo nome provisório
é Escrituração de Retenções e Informações Fiscais, o e-RIF", afirma Tânia.
Contudo,
a diretora da TAF, assim como os demais especialistas alertam que outros
eventos como de medicina e segurança no trabalho terão que ser enviados ao
fisco. "Essa novidade vai exigir um alinhamento para essa prestação de
contas", prevê Alizete Alves.
Ainda
conforme Tânia, isso pode favorecer a arrecadação federal, já que muitas
empresas terão que rever esses dados de segurança e medicina e podem verificar
que não recolhiam impostos corretamente.
Por
outro lado, a gerente da ADP avalia que essa nova forma de declaração será
benéfica para todos. "Os funcionário poderão controlar sua aposentadorias,
por exemplo. Os empregadores serão mais profissionais nesses envios. E o
governo poderá fiscaliza melhor", conclui Ângela.
Diário
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