O risco do fim do fator previdenciário - É Importante saber.
No
momento em que o Congresso Nacional acabou de aprovar a Lei 12.618/2012 que
criou a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal
(Funpresp) para equilibrar as finanças da previdência pública, vários parlamentares
se movimentam para extinguir o fator previdenciário, que tem por finalidade,
igualmente, equilibrar as finanças da previdência privada e do INSS.
O fator previdenciário foi criado em 1999.
Trata-se de uma regra que reduz o valor da aposentadoria para quem se aposenta
precocemente e aumenta aquele valor para quem se aposenta mais tarde.
A Previdência Social estima que, desde que
entrou em vigor (2000), a medida ajudou a economizar cerca de R$ 10 bilhões.
Numa eventual extinção dessa regra, a despesa será galopante.
Segundo
o ex-ministro da Previdência Social José Cechin, só no primeiro ano o gasto
adicional será de R$ 4 bilhões. A partir dali, o montante irá escalando, ano a ano,
de forma que no 24.º ano a despesa atingirá a fabulosa soma de R$ 40 bilhões
anuais – sem nenhuma garantia de receita correspondente. Ou seja, os estragos
ao longo do tempo serão de grandes proporções.
O
Brasil correrá o risco de ter de desviar recursos da educação e da saúde para acudir
o déficit da Previdência Social ou, alternativamente, criar mais impostos,
aumentando a já pesada carga tributária.
É
preciso avaliar as graves consequências de propostas desse tipo. O INSS já
apresenta um déficit colossal - que ronda a casa dos R$ 50 bilhões por ano.
Somando-se essa quantia ao déficit da Previdência Social do setor público, que
também é estimado em R$ 50 bilhões, o governo está sendo forçado a buscar no
mercado nada mais, nada menos do que R$ 100 bilhões todos os anos. Imaginem o que
será sem o fator previdenciário!
São
números estratosféricos e que exigem a mais absoluta cautela. A irresponsabilidade
do presente pode condenar a proteção das gerações futuras, desequilibrando, de
uma vez por todas, as finanças públicas - um imenso retrocesso.
Ao
contrário do que ocorre na maioria das nações, no Brasil, não há idade mínima
para se aposentar. Nos países mais avançados, além de haver idade mínima, ela
está subindo. Na França, o governo elevou a idade mínima de 60 anos para 62
anos. Na Espanha e em Portugal é de 65 anos.
Na Alemanha é de 67. Nesses países, qualquer
trabalhador pode se aposentar antes dessa idade, mas receberá um valor menor,
pois, afinal, ele viverá por muito tempo como aposentado. No caso da Alemanha,
por exemplo, a redução é de 0,3% para cada mês de antecipação da aposentadoria.
Na Espanha, é de 8% ao ano. No Brasil, na
ausência de idade mínima, muitas aposentadorias ainda ocorrem em pessoas que
têm pela frente uma longa sobrevida à custa da Previdência Social.
Os
que clamam pela extinção do fator previdenciário alegam injustiça para com os
trabalhadores que se aposentam mais cedo. O argumento não procede, pois, sendo
mais novos, eles viverão por mais tempo como aposentados. Os que se aposentam
mais tarde, sendo mais velhos, fazem jus a um valor maior, pois viverão menos tempo
como aposentados. Nada mais justo.
Há
ainda os que invocam a improcedência da revogação do direito dos que estavam no
sistema antigo. O tema é controverso, mas, ao que se sabe, a lei brasileira não
reconhece a mera expectativa de direito.
O governo parece estar atento em relação à tentativa ensaiada por grupos de deputados federais. O assunto já foi vetado pelo ex presidente Lula e, segundo notícias da imprensa, seria vetado pela presidente Dilma.
O governo parece estar atento em relação à tentativa ensaiada por grupos de deputados federais. O assunto já foi vetado pelo ex presidente Lula e, segundo notícias da imprensa, seria vetado pela presidente Dilma.
Os
dois sabem que o fim do fator previdenciário representará um enorme desastre
nas finanças públicas e reduzirá sobremaneira a confiança no futuro da economia
brasileira. O ministro Garibaldi Alves Filho dispõe de todos os cálculos para
mostrar que essa tentativa é devastadora para a Previdência Social.
O
Estado de São Paulo.
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