Benefícios generosos no trabalho podem ser ′algemas douradas′.

Para muitos trabalhadores de hoje, os únicos benefícios que eles esperam são um bom plano de saúde e uma cafeteira que funcione no escritório. Mas existem aqueles que desfrutam de refeições finas e petiscos gratuitos, academias de ginástica no local de trabalho, nutricionistas, serviços de faxina para suas casas e quartos para sonecas.
 
A nova escalada na corrida armamentista dos benefícios surgiu com as férias ilimitadas que empresas como Virgin, Netflix e Ladders oferecem a alguns funcionários, enquanto o Facebook anunciou neste ano que reembolsaria em até US$ 20 mil as despesas de suas funcionárias que desejem congelar óvulos. A Apple planeja seguir seu exemplo em janeiro.
 
Os benefícios adicionais mais comuns nos Estados Unidos incluem licenças maternidade e paternidade pagas, creches no local de trabalho, horários flexíveis e planos de saúde com 100% dos custos cobertos pelo empregador.
 
A maioria desses incentivos acontece no ramo da tecnologia ou em mercados nos quais existam concorrência para atrair determinados trabalhadores de alta capacitação. Mesmo assim, mesmo nesses setores há quem diga que existem poucos indícios de que os benefícios motivem os trabalhadores – e que talvez sirvam a um propósito nefando: garantir que os trabalhadores raramente deixem o escritório.
 
"As pessoas do resto do país contemplam os benefícios do Vale do Silício e imaginam que trabalhar para aquelas empresas deve ser maravilhoso", disse Gerald Ledford, pesquisador da Universidade do Sul da Califórnia.
 
A primeira coisa a ter em mente, porém, ele diz, é que "esse é de longe o mais competitivo mercado de trabalho do país. Desenvolver as recompensas mais atraentes se tornou uma corrida armamentista".
 
Expediente longo:
 
Segundo, e mais importante, segundo ele, é que "esses benefícios não estão sendo oferecidos por generosidade. Existem porque as organizações querem que o pessoal esteja disponível 24 horas por dia. Se você nunca precisa sair do trabalho para apanhar sua roupa na lavanderia, ir à academia, comer ou mesmo dormir, pode trabalhar o tempo todo. Os benefícios são como algemas douradas".
 
E já que algumas empresas agora permitem que os funcionários levem seus animais de estimação ao trabalho, ou suas famílias ao refeitório da companhia para jantar, é a casa que começa a parecer um conforto desnecessário.
 
Lotte Bailyn, professora emérita da Escola Sloan de Administração de Empresas, no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), diz que, embora alguns desses benefícios ofereçam flexibilidade – licenças pagas e a opção de trabalhar de casa, por exemplo, "é importante diferenciar entre as opções que oferecem ao trabalhador mais controle sobre o que faz e aquelas que permitem que as pessoas passem mais e mais tempo em seus locais de trabalho".
 
Um exemplo, diz ela, são as empresas que oferecem assistência médica caso o filho de um funcionário esteja doente.
 
"Bem, a última coisa que você deseja é ter seu filho doente cuidado por um desconhecido", ela diz, mas, quando as empresas oferecem essa opção, se torna mais difícil ficar em casa para cuidar da criança.
 
O mesmo pode ser dito sobre as férias ilimitadas. A ideia pode ser boa, ao demonstrar que a empresa confia em que seus funcionários decidirão sabiamente. Mas "tudo depende das normas e expectativas da força de trabalho", disse Bailyn.
 
Se tirar folgas é algo que a companhia reprova, implícita ou explicitamente, as pessoas podem terminar com férias mais curtas do que teriam sob um sistema mais formal de tempo de descanso, ela diz.
 
Até mesmo o mais recente desses benefícios, o reembolso pelo congelamento de óvulos, leva céticos a afirmar que embora essa escolha possa ser positiva para algumas mulheres, também pode ser encarada como uma forma de os empregadores pagarem para que suas funcionárias posterguem gestações.
 
Controle sobre a vida:
 
As empresas, de sua parte, dizem que todos os benefícios têm por objetivo tornar as vidas de seu pessoal mais fáceis e propiciar maior controle sobre elas aos trabalhadores.
 
A SAS, uma companhia de software que emprega quase 7.000 pessoas em sua sede em Cary, Carolina do Norte, ficou em segundo lugar no ranking da revista "Fortune" sobre as cem melhores companhias para trabalhar nos Estados Unidos, logo atrás do Google.
 
A SAS oferece personal trainers em seu centro de musculação, uma piscina coberta, um salão de beleza, atendimento médico no local de trabalho e conselheiros para ajudar as pessoas a conciliar trabalho e vida pessoal.
 
Os benefícios e a cultura da companhia ajudam a "minimizar o estresse que afeta os trabalhadores a cada dia", diz Jen Mann, porta-voz da SAS. "Queremos que os pais possam acompanhar os filhos à escola no primeiro dia de aula, ou levar os pais idosos ao médico. A vida anda. A SAS, de sua parte, tem o compromisso de reduzir o estresse e as distrações, para que as pessoas possam produzir seu melhor trabalho".
 
Mas será que todos esses benefícios fazem o que supostamente deveriam, ou seja, atrair, reter e motivar empregados? Ledford diz que não existem muitas pesquisas de qualidade nessa área, mas que embora essas vantagens possam atrair e até mesmo ajudar a reter pessoal, os estudos não apontam que os motivem.
 
Competição:
 
Na realidade, disse ele, algumas pesquisas demonstram que os trabalhadores altamente competitivos estão mais interessados nas recompensas individuais que podem receber por seu desempenho do que nas vantagens disponíveis para todos.
 
"As empresas poderiam ser muito mais inteligentes na maneira pela qual gastam a sua verba de benefícios", ele diz, especialmente aquelas que, ao contrário da maior parte do setor de alta tecnologia, não dispõem de recursos ilimitados.
 
Por exemplo, oferecer frutas frescas e comida saudável ao pessoal parece um benefício sensato, diz ele.
 
Uma tendência em ascensão, micromercados em locais de trabalho, surgiu como resposta a essa necessidade. Montados como os quiosques de comércio disponíveis em aeroportos – mas em modo self-service– eles são unidades modulares que oferecem salgadinhos, saladas, sanduíches e bebidas.
 
Embora essa comida não seja gratuita, a ideia é de que seja rápida e relativamente barata. Os trabalhadores pagam com um cartão de débito ou crédito, ou podem vincular sua impressão digital a um cartão de vale-refeição e pagar premindo o dedo sobre um leitor de impressões digitais ao sair, diz Jim Mitchell, presidente da Company Kitchen.
 
Os operadores da Company Kitchen – que funcionam de modo semelhante a um sistema de franquia – montaram mais de mil micromercados em todo o país, e o setor têm mais de 7.500 em operação nos Estados Unidos, segundo Mitchell.
 
O crescimento geral do setor já atingiu os 72% do final de 2013 para cá, segundo Mitchell.
 
A instalação de um mercado como esse custa entre US$ 16 mil e US$ 18 mil, e o custo é coberto pelos operadores, que faturam com a venda de produtos. Um sanduíche custa normalmente entre US$ 2 e US$ 4, disse ele, embora o preço possa ser mais alto em alguns mercados.
 
Outra vantagem é que os empregadores têm um histórico de suas compras em seus computadores e sabem se estão comendo comida com sal ou gordura demais, por exemplo. As empresas podem fazer o mesmo para o agregado de sua força de trabalho, ainda que não tenham acesso aos dados individuais de cada trabalhador, Mitchell se apressa a acrescentar, o que permite que excluam os itens menos saudáveis do cardápio.
 
A sede da AMC Theatres, em Leawood, Kansas, um subúrbio de Kansas City, contratou a Company Kitchen para instalar um micromercado no ano passado, quando mudou de prédio, e agora cerca de 500 funcionários e prestadores de serviço o usam.
 
O micromercado demonstra tanto as vantagens quanto as desvantagens dos benefícios. Ryan Noonan, porta-voz da AMC, disse que no velho edifício ele podia ir a pé a um restaurante vizinho –o que oferecia a vantagem de uma pausa no trabalho e uma caminhada ao ar livre.
 
Mas se ele optasse por não comer fora, a única opção era comprar salgadinhos ou doces nas máquinas de venda automática – o que era frequente em dias de muito frio.
 
Agora, ele pode comprar comida fresca no andar de baixo.
 
E embora isso não se compare a massagens ou serviços de faxina gratuitos, poder almoçar uma salada e frutas em lugar de uma barra de cereais passada já é benefício suficiente para a maioria de nós.
 
New York Times.
 
 
Enquanto isso, aqui no Brasil as empresas se apressam em cortar o máximo possível dos benefícios de seus empregados.
 
 
"Prevencionista, se você gostou, seja um seguidor e compartilhe com seus amigos e um dia verá que essa sua atitude fez parte da sua história”.

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