Proibida capina com agrotóxicos nas cidades
A capina química em áreas urbanas expõe a
população ao risco de intoxicação, além de contaminar a fauna e a flora local.
Por esse motivo, tal prática não é permitida. Para orientar municípios de todo
país sobre os perigos do uso de agrotóxicos nas cidades, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, nesta segunda-feira (1), nota técnica sobre o tema.
“Esse esclarecimento está sendo efetuado devido
ao recebimento de inúmeras denúncias sobre a realização dessa prática ilegal e
questionamentos da sociedade sobre a real necessidade da pulverização desses
produtos químicos em ruas, calçadas, praças e parques das cidades”, diz Dirceu
Barbano, diretor da ANVISA. Devido à ausência de segurança toxicológica, desde 2003 a Agência não permite a
aplicação de herbicidas em ambientes urbanos.
De acordo com Barbano, a prática de capina
química cria dificuldades técnicas na conciliação da aplicação do agrotóxico em
ambientes urbanos e a preservação da saúde da população das cidades. “Os
herbicidas indicados para o uso urbano seriam os mesmos utilizados na
agricultura, os quais possuem regras restritas para manipulação, aplicação e
acesso posterior às áreas tratadas”, explica o diretor da ANVISA.
Todos os produtos registrados para uso agrícola
possuem como regra, um período de reentrada mínimo de 24 horas, ou seja, após a
aplicação do produto, a área deve ser isolada e sinalizada e, no caso de
necessidade de entrada no local durante este intervalo, o uso de equipamentos
de proteção individual é obrigatório. Esse período de reentrada é necessário
para impedir que pessoas entrem em contado com o agrotóxico aplicado, ainda
molhado, o que aumenta muito o risco de intoxicação.
“Em ambientes urbanos, o completo e perfeito
isolamento de uma área por pelo menos 24 horas é impraticável, isto é, não há
meios de assegurar que toda a população seja adequadamente avisada sobre os
riscos que corre ao penetrar em um ambiente com agrotóxicos, principalmente em
se tratando de crianças, analfabetos e deficientes visuais”, pondera Barbano.
Outro aspecto são os solos da cidade, que, na maior parte, sofrem compactação
ou são asfaltados, ocasionando a persistência dos produtos por mais tempo no
ambiente urbano, ao contrário dos solos agrícolas, que são permeáveis,
diminuindo o acúmulo e facilitando o escoamento superficial do produto.
“A capina tem sido realizada rotineiramente por
meio mecânico em vários municípios do Brasil, o que, além de não expor a
população a riscos desnecessários, é ecologicamente correto e gera um grande
número de empregos”, finaliza o diretor da ANVISA. Vale lembrar que mesmo após
a aplicação de herbicidas, é necessário realizar a capina mecânica para se retirar
a vegetação seca.
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