Seu chefe espiona o que você faz?
Conforme
a fronteira entre o horário de trabalho e o tempo livre em casa se torna cada
vez menos clara, tecnologias de rastreamento se tornam preocupação. Numa era de
smartphones e tablets distribuídos pelo empregador e equipados com GPS, os
chefes têm agora a tecnologia para rastrear cada passo de seus funcionários, do
momento em que acordam até a hora de dormir.
As
empresas dizem que a capacidade de rastrear funcionários pode ser boa para os
negócios. Ela pode, por exemplo, ajudar a aprimorar a segurança, garantindo que
caminhoneiros dirijam com prudência e gozem do descanso exigido por lei. O
rastreamento também pode tornar as empresas mais produtivas e competitivas por
meio do monitoramento do desempenho e da produtividade.
Etta
Epps, motorista da empresa de entregas UPS há 10 anos, disse ter plena
consciência da vigilância que a gigante da logística lança sobre seus passos
por meio de GPS e sensores em seu caminhão.
"Todos
os dias, prestamos atenção para não fazer isto ou aquilo, pois sabemos o quanto
estamos sendo monitorados", disse Etta.
Mas
essas capacidades também significam que os empregadores podem facilmente
acompanhar os movimentos de todos, desde a equipe de vendas até os executivos,
seja no trabalho ou em casa.
Isto
traz questões para o mundo do trabalho do século 21: até que ponto as empresas
podem coletar dados a respeito do paradeiro de seus funcionários, e como esses
dados devem ser utilizados? Como fica um executivo ou administrador que lida
com assuntos e telefonemas ligados ao trabalho durante as noites e finais de
semana, ou que trabalha em horários flexíveis a partir de casa? Quais devem ser
os parâmetros, quem define os limites, e onde e quando o funcionário tem
direito à privacidade?
Há
poucas leis e casos nos tribunais para ajudar empresas e funcionários a
compreender os limites, deixando algumas áreas cinzentas para a proteção da
privacidade dos trabalhadores.
Algumas
empresas dizem em seus manuais ou diretrizes que se reservam o direito de
realizar alguns tipos de monitoramento dos funcionários. Isso diminui a
probabilidade de o monitoramento ser considerado uma invasão de privacidade.
"No
geral, não existe muita privacidade no ambiente de trabalho dos Estados
Unidos", disse Marisa Pagnattaro, professora de direito da Faculdade de
Administração Terry da Universidade da Geórgia.
Etta,
a motorista da UPS, acredita ter pouca privacidade no trabalho. Ela dirige um
caminhão pertencente a uma empresa que está entre as mais ávidas usuárias das
tecnologias de rastreamento de veículos e funcionários.
Com
sede em Sandy Springs, a UPS usa a "telemática", com mais de 200
sensores em cada veículo que acompanham não apenas a posição e dados do motor,
mas também velocidade, tempo de ociosidade, freadas bruscas, número de vezes em
que a marcha ré foi acionada e uso correto do cinto de segurança.
Etta
diz que já foi "advertida" por usar o dispositivo móvel de trabalho
enquanto o caminhão estava em movimento, ou por vezes em que a porta do
compartimento de carga foi aberta enquanto ela dirigia.
"Às
vezes esquecemos de algum detalhe… São deslizes", disse Etta.
"Querem
rastrear tudo que fazemos. Ninguém quer ser monitorado, mas é algo que está
além do nosso controle. Não há nada que possamos fazer a respeito disso."
A
empresa terminou de equipar sua frota de caminhões nos EUA em 2012, e diz que
os dados ajudam a melhorar a segurança, a manutenção dos veículos e o
treinamento dos funcionários, resultando numa redução de custos com a redução
do tempo de ociosidade, por exemplo. A UPS usa os dados para incentivar os
motoristas a reduzir o número de vezes em que usam a marcha ré, fator que costuma
contribuir para acidentes.
"Ninguém
percebe o quanto fazemos isso com frequência até chamarem nossa atenção para
este fato", disse Randy Stashick, vice-presidente global de engenharia da
UPS.
The
Atlanta Journal.
"Prevencionista, se você gostou, seja um
seguidor e compartilhe com seus amigos e um dia verá que essa atitude fez parte
da sua história”.
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