O lado ruim de "vestir a camisa" da empresa.
No mundo fascinado por trabalho em que vivemos, é recorrente a
ideia de que bons profissionais são aqueles que “vestem a camisa” da empresa e
se dedicam integralmente à carreira.
De fato, é difícil negar
que esforço e dedicação contribuem para o sucesso profissional. Porém, um
envolvimento desmedido com o trabalho pode ter o seu lado perverso, segundo
Silvana Mello, master coach para América Latina da LHH|DBM.
A partir de sua
experiência com profissionais de altos cargos executivos, ela atesta que muitos
são os que confundem a fronteira entre o saudável e o doentio nessa relação.
“Vejo um excesso de
autocobrança em absolutamente todos os executivos com que trabalho”, diz
Silvana. Segundo ela, “só 1% cuida da qualidade de vida” e muitos se arrependem
mais tarde por terem negligenciado a vida pessoal.
“Alguns me confessam que
só foram conhecer seus filhos quando eles já eram adultos’”, diz a coach.
Além dos prejuízos para
a vida pessoal, dedicar-se exclusivamente à carreira é algo que boicota a
própria carreira, segundo Silvana. “Executivos que passam tempo demais
debruçados sobre o trabalho não conseguem acessar todos os seus recursos
intelectuais", diz ela. No fim das contas, em busca de eficiência máxima,
acabam vendo seu próprio desempenho naufragar.
No rol de efeitos
negativos dessa atitude, a perda de criatividade e de produtividade talvez seja
dos menos graves. “O profissional que exagera pode sofrer um esgotamento físico
e mental, e até contrair doenças sérias como a depressão”, afirma Silvana.
Por isso, Silvana
acredita que o ideal de “vestir a camisa” precisa ser relativizado.
“Entregar-se totalmente a uma empresa pode ser um erro grave, sobretudo se você
não compartilha nenhum propósito com ela”, afirma Silvana.
Se não existe essa
conexão íntima, explica ela, o risco de sentir um grande vazio, no caso de uma
demissão ou outro revés profissional, é muito maior.
“O seu emprego é como um
casamento: mesmo que um dia acabe, só vai ter valido a pena se algum dia
existiu um vínculo genuíno”, compara.
Vale a pena se entregar?
Comer, beber e respirar
trabalho pode compensar menos do que se imagina, segundo sugere um recente
estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Chicago e da Universidade
da Califórnia em San Diego.
O estudo avaliou as
reações das pessoas a promessas de entregas no trabalho que são quebradas,
mantidas ou excedidas por profissionais.
A conclusão é que
dispender mais esforços para “superar expectativas” não leva a uma avaliação
proporcionalmente mais positiva de uma tarefa. Em outras palavras, pessoas que
entregam apenas o prometido são tão valorizadas quando as que vão além dele.
Por isso, observa a
coach Silvana Mello, é fundamental ter uma visão realista sobre as expectativas
do empregador quanto ao seu trabalho.
“Será que o seu empregador
precisa mesmo de tanto?”, diz Silvana. “Se você não souber o que é realmente
valorizado por ele, pode perder tempo e energia com entregas que talvez nem
sejam percebidas como tão valiosas”.
Limites sempre existem -
e não apenas para as expectativas dos seus empregadores. “Você também tem os
seus, e precisa saber negociá-los com seu chefe, sua família e com você mesmo”,
afirma ela.
Exame.com
“Prevencionista,
se você gostou, seja um seguidor e compartilhe com seus amigos e um dia verá
que essa atitude fez parte da sua história".
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