Você sabe pedir aumento?
Uma
pesquisa da revista de negócios Business Insider, realizada em maio com 548
jovens profissionais, apontou que 82% deles não negociam o primeiro salário. As
duas principais razões apontadas para isso são a insegurança e o
desconhecimento da possibilidade de discutir o valor da remuneração. Mas essa
atitude pode custar caro no longo prazo.
Um
levantamento do site americano Salary.com apontou que um profissional que não
negocia seu salário pode deixar de ganhar 1 milhão de dólares ao longo de 45
anos de carreira. De acordo com o estudo, um aumento de apenas 11% no salário
inicial e negociações de 4% a cada três anos seriam suficientes para garantir
ao profissional esse acréscimo no contracheque.
Essa
pequena vantagem salarial, aparentemente irrelevante, pode representar, no
longo prazo, uma enorme diferença na remuneração e até no crescimento de
carreira. A razão é um fenômeno observado pela primeira vez em 1968 pelo
sociólogo americano Robert K. Merton — batizado de Efeito Mateus, em referência
à passagem do Evangelho de São Mateus: “A todo aquele que tem, será dado mais,
e terá em abundância. Mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado”.
“É
o que pode acontecer, por exemplo, quando dois restaurantes, A e B, muito
próximos em preço e qualidade, são abertos. Por fatores aleatórios, A recebe no
primeiro mês um pouco mais de clientes do que B, e obtém um faturamento maior.
Aos
olhos dos investidores, o restaurante A se torna mais atraente e acaba por
crescer mais do que B, que tinha as mesmas propriedades no início”, diz Samy
Dana, da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas. Para Ana
Karolyna Guedes, de 30 anos, gerente sênior de novos negócios da Eurofarma, de
São Paulo, a negociação salarial fez toda a diferença em seu crescimento
profissional.
“Tenho
amigos da mesma idade e da mesma área que acabaram não crescendo no mesmo
ritmo. Eu acredito que seja por essa postura tímida na negociação”, diz Ana.
A
gerente iniciou a carreira como trainee e, já no primeiro ano de companhia,
reivindicou o salário que acreditava merecer. Essa atitude foi mantida em
outros empregos, o que lhe rendeu ganhos de até 200% em relação ao salário
anterior. “Nunca tive medo de negociar. Sempre procurei me pautar por
argumentos e por entregas que estava realizando”, diz Ana.
Questão cultural:
A
dificuldade de negociar o salário afeta principalmente as mulheres. Segundo uma
pesquisa do site de empregos Catho, enquanto 36,1% dos homens rejeitam a
primeira proposta salarial, apenas 24,1% das mulheres têm a mesma atitude. Por
uma questão cultural, elas costumam ser menos agressivas na hora de negociar,
um dos fatores que resultam na diferença salarial entre os gêneros no mercado
de trabalho.
“A
mulher acredita que será reconhecida pelos resultados e espera que o reajuste
no salário venha naturalmente. Mas é preciso um maior protagonismo para não
ficar em desvantagem no futuro”, diz Fabiana Nakazone, da Cia de Talentos, de recrutamento
de trainees.
Apesar
da insegurança inicial, negociar o salário pode ser simples, dizem os
especialistas. “O hábito de negociar bem é um aprendizado. Todos podem
desenvolver essa habilidade. Só é preciso clareza do cenário e saber quanto
você vale”, diz Henrique Bessio, diretor da empresa de recrutamento Michael
Page.
Exame.com
/ Você S/A.
"Prevencionista,
se você gostou, seja um seguidor e compartilhe com seus amigos e um dia verá
que essa atitude fez parte da sua história”.
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