Brasil e 140 países assinam acordo para eliminação gradual do mercúrio.
O Brasil e mais 140 países assinam, nesta
quinta-feira (10), em Kumamoto, no Japão, a Convenção de Minamata sobre
Mercúrio, que define prazos para a redução, controle e eliminação do mercúrio
em processos industriais e artesanais em todo o mundo. A medida não banirá o
uso do metal, mas estabelecerá rigorosos protocolos internacionais de
segurança, com o objetivo de reduzir os riscos na utilização de um dos
elementos mais tóxicos para a natureza. Ele é capaz de poluir o ar, a água e a
terra, além de causar danos irreversíveis à saúde humana, podendo levar à morte
por contaminação. A validade do acordo no país depende, ainda, de aprovação
pelo Congresso Nacional.
O documento, que ficou pronto em fevereiro, após
dois anos de negociações, será assinado pela ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira. Uma vez obtidas as 50 ratificações necessárias para o
protocolo entrar em vigor, os países que aderirem à convenção terão as
atividades ligadas ao mercúrio vinculadas ao pacto global. O texto identifica
como fontes de mercúrio nos ambientes segmentos produtivos como as usinas de
energia a carvão, a produção de cimento, a indústria de equipamentos
hospitalares e odontológicos e a incineração de resíduos.
De acordo com o tratado, até 2020, o mercúrio
deverá ser eliminado de baterias, pilhas, lâmpadas, cosméticos, pesticidas e
outros materiais. As normas para reduzir as emissões atmosféricas do metal
incluem práticas ambientais e as melhores técnicas disponíveis para novos
empreendimentos. No caso das instalações já existentes, será necessário
estabelecer metas de diminuição e fazer planos nacionais para implantar medidas
de adaptação.
Desde o início da semana, equipes técnicas dos
ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores participam de reuniões
preparatórias com o objetivo de acordarem resoluções ligadas ao pacto global.
Os principais aspectos em pauta dizem respeito ao período interino do acordo,
ou seja, o tempo entre a assinatura dos países e a entrada efetiva em vigor das
regras estabelecidas pela convenção.
Saiba mais – Kumamoto foi escolhida para sediar a
conferência porque é próxima à cidade de Minamata, palco de um desastre que
culminou na contaminação da população com mercúrio na década de 1950, durante o
desenvolvimento industrial da região. A estimativa é que até 150 toneladas da
substância tenham sido despejadas na baía, o que infectou água, peixes e frutos
do mar, base da alimentação local. As desordens fisiológicas e neurológicas
causadas pelo envenenamento da população ficaram conhecidas como Doença de
Minamata. Segundo a Embaixada do Japão, o governo local declarou que os níveis
de mercúrio estavam seguros para consumo humano em 29 de julho de 1997 . A
decisão marcou a remoção por completo da rede que, por 23 anos, impedia os
peixes contaminados de deixar a região, em um esforço para frear a doença
ambiental.
Apesar de estar presente na natureza, o mercúrio é
um metal tóxico pesado, que oferece riscos à saúde humana e ao meio ambiente. O
desastre no Japão é o primeiro caso documentado de envenenamento humano pelo
metal. Em 1968, depois de 12 anos de contaminação, a doença já havia se tornado
epidêmico e grande parte da população apresentavam os efeitos do envenenamento.
A estimativa é de que cerca de 50 mil pessoas sofreram danos diretos na saúde.
Do total, mais de 3 mil sofreram deformidades e má formação fetal, além de
existirem casos registrados de morte.
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