Presidente da CNI pede revisão do Seguro de Acidente de Trabalho
O presidente da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, vai propor ao
presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a revisão da legislação que
muda o sistema de cobrança do Seguro de Acidente do Trabalho. Previstas para
entrar em vigor em janeiro de 2010, as mudanças podem aumentar em até 200% os
custos das empresas com o seguro.
“As mudanças
estabelecem uma metodologia e cálculos que nos parecem inteiramente distorcidos
e representam mais uma forma de taxação e de tributação das empresas”, disse
Monteiro Neto, nesta sexta-feira (23/10). “É uma situação estapafúrdia”,
acrescentou. A partir da conversa com Lula, o presidente da CNI pretende abrir
negociações para que governo e empresários discutam a legislação. “Se não
houver condições de conduzir pela via da negociação, vamos adotar as medidas
legais necessárias para evitar a consumação dessa mudança que é altamente
prejudicial ao setor produtivo brasileiro”, destacou Monteiro Neto.
Segundo ele, a
expectativa dos empresários era que a legislação incentivasse as empresas que
investem em práticas de prevenção e combate aos acidentes de trabalho. Mas não
foi isso que ocorreu. De acordo com cálculos da CNI, o Decreto 6957/2009, que
mudou o enquadramento das empresas às alíquotas do Seguro de Acidente do
Trabalho, aumentará os custos para 866 das 1.300 atividades empresariais
existentes no país. Em 236 atividades, o aumento será de 200%, pois a alíquota
do seguro passará de 1% para 3% sobre o valor da folha de pagamento. Entre os
setores que terão essa elevação estão padarias, indústrias de ônibus e
caminhões e de componentes eletrônicos, informou o gerente-executivo da Unidade
de Relações do Trabalho da CNI, Emerson Casali.
Além disso, a
partir de janeiro, as empresas terão de aplicar o Fator Acidentário de
Prevenção (FAP) ao valor do seguro. Isso poderá elevar ainda mais os custos
sobre a folha de pagamento. Criado pela Lei 1066/2003, o FAP varia de 0,5 a 2. É calculado pela
Previdência Social com base nos afastamentos por doenças e acidentes
ocupacionais registrados em cada empresa. Assim, o FAP pode reduzir ou aumentar
o valor do Seguro de Acidente do Trabalho.
Conforme a
simulação feita pela CNI, com a aplicação do FAP, o valor do seguro pode subir
entre 50% e 500% nas empresas dos 236 setores que tiveram majoração de alíquota
do SAT de 1% para 3%. Por exemplo, uma empresa, cuja alíquota do seguro é 1%
sobre a folha de salários anual de R$ 100 milhões, recolhe atualmente R$ 1
milhão ao ano a título de Seguro de Acidente do Trabalho.
Caso a alíquota
dessa mesma empresa suba para 3%, o valor do seguro aumentaria para R$ 3
milhões ao ano. Com a aplicação de um FAP equivalente a 0,5, o valor do seguro
passaria para R$ 1,5 milhão ao ano, ou seja, um aumento de 50% em relação ao
total recolhido atualmente. Mas se o FAP dessa empresa for 2, o valor a ser
recolhido subiria para R$ 6 milhões. Ou seja, terá um aumento de 500%. “As
mudanças são absurdas e injustificáveis, aumentam os custos das empresas,
inibem o crescimento e a criação de empregos”, afirmou Casali.
Fonte: CNI.
Comentários
Postar um comentário
As informações disponibilizadas nesse Blog são de caráter genérico e sua utilização é de responsabilidade exclusiva de cada leitor.