Trabalhador poderá ter mais duas folgas anuais.
Os trabalhadores poderão ganhar o direito de faltar ao trabalho mais
duas vezes ao ano, sem perda de qualquer parcela do salário, num desses
dias para tratar de assuntos particulares e no outro para acompanhar
atividade escolar de dependente matriculado no ensino fundamental ou
médio. O benefício está previsto em texto substitutivo aprovado pela
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (3).
Apresentado
pelo senador Oswaldo Sobrinho (PTB-MT), o substitutivo uniu sugestões
de dois projetos que tramitam em conjunto. Como apenas uma proposta
pode ser acolhida, o relator recomendou a aprovação do mais antigo (PLS
23/03), de iniciativa de Paulo Paim (PT-RS), que versa sobre a folga
por interesse particular. O segundo (PLS 139/08), de Cristovam Buarque
(PDT-DF), trata da licença para acompanhamento de atividade escolar.
Agora,
a matéria será examinada pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), onde
receberá decisão terminativa. O substitutivo incluiu ainda emenda do
senador Romero Jucá (PMDB-RR) para estabelecer que a folga por
interesse particular seja utilizada nos termos e condições fixadas por
acordo ou convenção coletiva de trabalho.
No
caso da ausência para acompanhamento de atividade escolar, o empregado
deverá solicitar autorização com pelo menos 30 dias de antecedência. Em
seguida, ele deverá atestar à empresa sua participação, por meio de
comprovante expedido pela administração da escola. É prevista ainda a
possibilidade de ampliação de folgas com essa finalidade, dependendo de
acerto por acordo ou convenção coletiva.
Na
justificativa de seu projeto, Cristovam afirma que não se pode
dissociar educação formal daquele que é recebida no ambiente familiar.
Na sua avaliação, é inadmissível que o empregador não possa liberar
seus trabalhadores, pelo menos uma vez ao ano, para que eles possam
tomar conhecimento da situação escolar do filho - termo substituída por
"dependente", pelo relator, por ser mais abrangente.
Ao
propor a folga por interesse particular, Paim argumentou que a medida
atende a uma "antiga e justa" reivindicação dos trabalhadores. Segundo
o senador, o trabalhador, como ser humano, deve ter o direito de tratar
de seus assuntos pessoais e íntimos sem precisar justificar esse fato
perante seus chefes ou empregadores.
Avaliação de impactos:
Oswaldo
Sobrinho, que apresentou o relatório em substituição ao senador Gim
Argello (PTB-DF), afirmou que a aprovação da matéria implicará aumento
médio do custo de cada dia trabalhador da ordem de 0,002% para um ano
de 220 dias úteis de trabalho. Para ele, trata-se de custo reduzido e
que se torna plenamente justificável quando confrontado com os
benefícios sociais que serão gerados.
- As
medidas terão, ainda, um impacto econômico positivo decorrente do bem
estar do trabalhador, que exercerá suas funções com maior motivação, e
no de seus filhos, que terão um maior incentivo para seu aprendizado -
afirmou o relator.
O senador Antonio Carlos
Junior (DEM-BA), no entanto, criticou a criação de novas hipóteses de
ausências do trabalho além das já previstas no texto da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) - como as que decorrem, entre outras
situações, em razão da morte de parentes, nascimento de filhos e
casamento do empregado.
Segundo ele, a medida
abre "precedente perigoso", podendo estimular iniciativas de novas
folgas, por outros motivos, com perdas para as empresas.
- Acho que há certo exagero e por isso sou contrário - manifestou-se.
O
senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que as necessidades dos
trabalhadores e das empresas podem ser compatibilizadas, nos termos do
"espírito" do texto aprovado, já que deve haver acerto prévio entre as
partes sobre as condições de utilização da folga pelos empregados no
caso de interesse particular, por meio do acordo ou da convenção
coletiva.
Fonte: Agência Senado.
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